Melhoria na qualidade da Educação Básica através do incentivo à prática do Xadrez: Projeto Morro Redondo
“As noites de inverno são longas.
Encham suas pastas para que possamos,
durante as noites desses três meses,
discutir os meios de chegar a grandes resultados”.
(Napoleão Bonaparte)
    O jogo de xadrez foi inventado há aproximadamente 1500 anos (FISCHER, 1991). São muitas as lendas que relatam como se deu essa invenção, porém todas elas atentam para o fato de tomar decisões apressadas. A prática do xadrez demonstra a importância da reflexão em momentos críticos. O escritor brasileiro Júlio César de Melo e Sousa, sob o heterônimo de Malba Tahan, descreve no capítulo XVI do livro “O homem que calculava”, a lenda do xadrez que conta a história de um rei ambicioso, que perde o filho em uma batalha pela conquista de novos territórios. Nada mais alegrava o rei, de nome Iadava, até que um jovem chamado Lahur Sessa apresenta-lhe o jogo de xadrez. O soberano ordena a Lahur que peça o que quiser como recompensa. O jovem solicita o pagamento em grãos de trigo da seguinte forma: 1 grão de trigo para a primeira casa do tabuleiro, 2 grãos de trigo para a segunda casa, 4 grãos de trigo para a terceira casa, e assim sucessivamente até alcançar a última casa do tabuleiro. Sempre o dobro de quantidade de grãos da casa anterior. O Rei Iadava não percebeu a exorbitância do valor e concordou com o pedido. Até que os calculistas do reino provaram que o valor era impossível de ser pago pelo alto número de grãos resultantes. O jovem Lahur abre mão do prêmio e aconselha o rei a sempre ter cuidado na hora de tomar decisões. (TAHAN, 1965)
    Considerando a lenda do xadrez citada acima, destacamos vários assuntos que podem ser desenvolvidos em sala de aula pelo professor titular ou pelo professor responsável pela oficina, como a localização geográfica do fato, os títulos das pessoas envolvidas, bem como sua importância na escala social da época, vestuário, costumes e formas de tratamento, aspectos psicológicos dos envolvidos como os personagens se comportam frente aos desafios, cálculos matemáticos que foram inseridos através da progressão geométrica e o estudo da geometria plana através das formas presentes no tabuleiro e implícitas nos movimentos das peças.
    Os recursos são infinitos. É um jogo de regras que cria a possibilidade de um trabalho interdisciplinar quando bem explorado.
Segundo Angélico e Porfírio, 2010, a utilização do xadrez nas escolas como integrante do currículo é difundido em países como Angola, Canadá, Cuba, Hungria, Israel, Iugoslávia, Alemanha, Tunísia, Rússia, entre outros.
    Já Vygotsky (1991), ressalta a importância do uso do brinquedo no processo de formação social da mente, inclusive exemplificando através do xadrez a relação entre o emprego da imaginação e as regras do jogo de tabuleiro.
Observa-se pelo senso comum que o xadrez é considerado um elemento facilitador do desenvolvimento do raciocínio, pois o fator sorte é descartado no momento da partida (ROCHA, 2009).
    Com base no exposto acima elaboramos um curso de xadrez para professores do ensino básico, a fim de melhorar a qualidade do ensino através do incentivo à prática do xadrez em sala de aula.
    O projeto está vinculado ao Núcleo de Apoio a Pessoas com Necessidades Específicas - NAPNE, do Instituto Federal Sul-rio-grandense de Educação, Ciência e Tecnologia - IFSul - Campus Pelotas Visconde da Graça, sob a coordenação do Prof. Dr. Raymundo Carlos Machado Ferreira Filho e será realizado em parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Morro Redondo, através da qualificação dos professores da rede como multiplicadores do ensino de xadrez.